domingo, 31 de maio de 2015

Sagrada Lua Cíclica

Quando eu notei, tinha amanhecido
E eu era mulher, sagrada, divina, mulher
Foi quando eu lhe disse que não poderia permitir
Foi quando lhe disse que era eu quem iria partir
Disse que ao meu colo, você sempre poderia voltar
Que não por egoismo, mas as coisas precisam de lugar
Que encontros são feitos de matéria idílica
Que os sonhos perpassam os toques
Que os olhares e as palavras devem ser coerentes
Eu te avisei que esse tufão
Que você se escondeu, em verdade é sem razão
Que não tem caminho no mundo pra quem não se oferece o perdão
Eu te contei da simplicidade
De ver a tarde cair pela varanda
De deixar-se perdido no tempo agora
De permitir o toque bento do amor sem véu

Quando eu notei, naquele momento
De todo o tempo, foi quando eu te amei
Te amei com bravura enquanto me despedia,
Te amei com desejo de prender-te em memória
Te amei materna como quem anseia o próspero
Te amei liberta como quem dança e voa
Te amei mais que nunca,
No dia em que te abandonei.

Pincel Palavra

Ando desenhando um poema
Um poema-homem que planta
Meu sorriso pelo pensamento

Ando colorindo um homem
Que salta do céu, espasmo de in-pulso
Com luzes que aquecem meus jorros mais íntimos

Ando versando um desenho
Como quem se esquece frente o voo de um pássaro
Como quem, do próprio ventre se pari

Poema feito de espaços
Desenho feito de letras
Afeto feito de inventados traços

Ando desenhando um poema
E não pretendo terminá-lo